Pra que você que leu o título e busca uma resposta já adianto que vou é trazer mais indagações do que respostas, mas ao final do post relato meu sentimento…o qual não é nada mais do que o sentimento de mais um agente de mercado.
PONTO DE VISTA NADA MAIS É DO QUE A VISTA DE UM PONTO
Estou aqui na Inglaterra, vivendo esse inverno inglês….meus pais tiveram aqui recentemente visitando minha filinha que completou 3 meses essa semana que passou. Pois bem, estávamos reclamando do frio e de que como a vida tende a ser melhor com o calor, quando a minha mãe solta a seguinte pérola:
Ponto de vista é apenas a vista de um ponto!
Genial dona Rosane! Sim, existem coisas boas mesmo no inverno inglês…é tudo uma questão de ponto de vista! De forma análoga podemos pensar no mercado atualmente.
“O IBOV está na máxima”
Sim…quando olhamos pura e simplesmente o seu gráfico vemos que “nunca antes na história desse país” estivemos nos 96 mil pontos!
IBOV NA MÁXIMA…SERÁ?
Mas vejamos algumas coisas…ao simplesmente “dolarizar” o Ibovespa, ou seja, traduzi-lo para sua cotação em dólares, vemos que a máxima ainda está longe….na verdade o IBOV e o dólar juntos teriam que fazer um movimento de 76% para chegarmos a máxima…ou seja, uma super valorização do Real, ou da Bolsa, ou ainda os 2 em conjunto….aí sim alcançaríamos a máxima.
OUTPERFORM … SERÁ?
“Ah mas o IBOV outperformou as demais bolsas mundiais e as commodities”
Novamente: ponto de vista é apenas a vista de um ponto. Olhando os últimos 12 meses e comparando o MSCI World Index (linha azul), os mercados emergentes de forma agregada através do EEM (linha vermelha), as commodities (linha preta) e o IBOV dolarizado (linha verde)…fica difícil ver tamanha outperform não é mesmo?
MELHOR EMERGENTE! SERÁ?
“Ah mas a nossa bolsa foi melhor que os demais emergentes”…”Ah mas os gringos vão preferir outro emergente”.
Ponto de vista é apenas a vista de um ponto! Novamente comparando com alguns emergentes nossa performance em 12 meses não foi tão maravilhosa assim. O leitor me perdoe o gráfico poluído. Temos a bolsa da Turquia em vermelho, a bolsa do México em verde, a Rússia em Rosa, a Arábia Saudita em preto, a Argentina em Azul e o Brasil vestindo a amarelhinha.
Investir em emergentes tem sempre um grande risco…então não sei dizer se os gringos vão preferir outro emergente ou não…só sei que cada um tem o seu desafio….a Arábia depende muito do petróleo para fechar suas contas…a Rússia igualmente, e eles ainda tem que lidar com um governo que não é um exemplo de idoneidade….os Mexicanos estão colados na maior economia do mundo e ainda assim tem suas dificuldade… a Turquia tem o Erdogan tomando medidas a lá Dilma na economia…e a Argentina, bom eles tem o Messi e o Macri, mas ainda assim tá difícil de resolver as coisas por lá. E nós? Bom, temos um governo com aparente boa vontade de resolver problemas antigos e um longo caminho até isso acontecer.
No balanço dos riscos e oportunidades acaba que a performance recente coloca-os em nível semelhante não?
E O MÚLTIPLO?
Uma outra métrica…talvez a mais importante…é ver o quanto estamos “caros” ou “descontados” ante o múltiplo que tradicionalmente negociamos. Olhando essa métrica, também da pra ver que a máxima poderia ser bem acima. Esse gráfico plota a relação Preço/Lucro estimado (foward) de 12 meses das empresas do Ibovespa (fonte: @dalzoto). Esse gráfico é do dia 11 de janeiro…de lá pra cá o Ibovespa se apreciou pouco mais de 2%…então podemos dizer que o múltiplo atualizado seria algo como 10,8x…quase na média histórica e longe de estar em máximas ou mostrar uma bolsa cara.
Sim existe um risco aqui de o denominador da equação o “L” de lucros decepcionarem…se estes forem menores do que o esperado a relação P/L tenderia a ser bem maior. Mas dado a distância da máxima…lá na casa dos 12x ou 13x lucros, teríamos que ter uma grande decepção com os resultados esse ano. Possível? Sim. Provável? Não na minha humilde opinião!
MINHA OPINIÃO
Sim a bolsa “esticou” como dizemos no jargão do mercado. Penso que andou e precificou um futuro que parece ser bom, mas ainda é incerto. Talvez seja exagero, dado que não tivemos nenhuma mudança ou reforma efetiva. E sim uma realização é possível e até plausível.
Por outro lado, a alta recente responde a minha expectativa anunciada lá na Tônica do dia 22/10/2018 quando comentei minha expectativa de que a bolsa alcançasse os 100 mil pontos! Estamos a 4% dessa marca…então posso acreditar que eu estava certo.
Bolsa na máxima…o que fazer?
Depende…no meu caso não pretendo fazer nada…ou melhor…nada diferente do que tenho feito! Sigo com mais de 80% alocado em renda variável como vocês podem ver na minha Carteira Will. Tenho 35 anos, um bom apetite e tempo para correr risco…meu horizonte de investimento é uns 20 anos. Então sim, a bolsa parece estar na máxima, mas tentei mostrar aqui no post que esse ponto de vista é apenas a vista de um ponto.
Chegou a vez dos Emergentes?
Sigo acreditando que estamos num ciclo positivo onde as mudanças vão acontecer e justificar uma reprecificação dos ativos brasileiros. Não obstante, penso que o ano possa ser positivo para os mercados emergentes, revertendo a tendência que vimos no ano passado…o gráfico abaixo ajuda a ver a performance relativa de um ante o outro.
Junto a isso lembro o meu déjà vú em relação ao momento atual e o início de 2016 como comentei num post recentemente: “Giro Pelo Mundo: Déjà Vu 2016?” . Se isso for verdade talvez as commodities ajudem a puxar e justificar esse melhor momento de emergentes…quem sabe?
Não sei o que vai acontecer com a bolsa essa semana mas seguirei aqui olhando o horizonte mais de longo prazo tal qual na foto de capa desse post em Tallinn/2015
Era isso.
Aquele Abs.
Twitter: @willcastroalves / Facebook: William Castro Alves/ Instagram: @willcastroalves
6 comentarios
Seguimos comprados, acho que teve um pouco de euforia com expectativas com o novo governo. Mas acredito na efetivação da recuperação e bons resultados trimestrais. Isso somado os gringos virão.
O negócio é manter a estratégia e não ter medo do gráfico balançando. Eu mesmo no meio do ano me desfiz de algumas posições por receios e abri mão da minha estratégia. Não tive prejuízo mas deixei de ganhar bastante. Refiz a minha estratégia e posições, manterei sem olhar gráfico todo dia. Com alguns títulos de RF vencendo, com calma, estou aumentando posição.
Valeu por compartilhar a sua vista de um ponto e abrir espaço para discussão.
Excelente! Não tenho como concordar mais!
E o mais importante: tu estás aprendendo fazendo e vivendo o mercado! Palmas meu caro!!
Forte abs
Will,
Pq vc não pratica o hedge da carteira via opções? Acha muito caro e prefere em caso de baixa utilizar sua reserva de oportunidades (14% em RF liquidez) para comprar mais bolsa?
A sua posicao no exterior com o tempo será um hedge natural da posição no Brasil, mas para proteger a posicao do exterior da alarmada correcao dos EUA vc não acha viável usar PUTs Spy ou compra de VIX. Sabe algum site/blog que ensinem a operar este tipo de proteção nos EUA?
Abs
Não porque meu foco é 20 anos…então a volatilidade de mais curto prazo faz parte do jogo. Além disso o hedge tem um custo, não é de graça e pode afetar a rentabilidade…e por fim, você tem que “acertar” os movimentos de alta e baixa do mercado, o que não é minha praia.
Então o que faço é manejar o tanto de ações e RF na carteira…eventualmente fundos…e pretendo aumentar a diversificação internacional.
sobre a exposição lá fora, você pode ter ouro, ou treasuries, ou titulos da dinamarca, ou what so ever pra “proteger” contra um crash americano. Sobre isso até escrevi um post…da uma olhada:
http://bugg.com.br/2018/09/29/5-razoes-pelas-quais-voce-vai-querer-ter-seu-dinheiro-nos-eua-caso-haja-uma-grave-crise-como-2008/
forte abs!
Parabéns pelo artigo!
Vlw Henrique!
Forte abs!